segunda-feira, 17 de setembro de 2012

S O S

Ela não conseguia respirar e o coração disparava, pensou na morte e por mais assustadora que a ideia fosse no momento seria um conforto, não suportava mais aquela situação de perder o controle sobre si mesma, pegou suas coisas, precisava sair de onde estava.

Como se flutuasse foi atravessando as mesas até chegar a porta de saída, tinha que pegar o elevador, pensou nas escadas, sim as escadas, por mais que desmaiasse ou morresse teria sorte de ninguém presenciar esse ato de fraqueza, desceu com o coração saindo pela boca, as mão suadas conseguindo alcançar a rua, andou um pouco e encontrou um banco, tudo girava, estava fora de órbita, pessoas passando, carros o barulho do trânsito, tudo bem longe e ela ali não sei aonde, respirou, abriu a bolsa e tomou um dos seus comprimidos.

Caminhou em direção ao nada, e aos poucos aquela droga que sempre lhe dava aquela sensação de conforto começava a fazer efeito, tudo ainda girava mas a diferença era que o coração voltava ao seu ritmo normal e o ar entrava melhor em seus pulmões, agora mesmo estando longe podia avaliar melhor o mundo ao seu redor, olhava as pessoas com mais calma e se perguntava quantas delas precisavam de drogas para suportar viver, quantas lotavam consultórios de psicanalistas buscando alguma razão, o porquê de continuar, quantas que nem ela estavam atrás de um alívio, mesmo que imediato, mesmo que irreal, um conforto para corações aflitos, a humanidade sobrevive de uma felicidade barata e sobreviver já não bastava, ela queria mais que isso.

Justine Pectore

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