terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Desencontrados

Eles não se viam há muito tempo, mas aquele reencontro casual no elevador, despertou nela sensações  raras, que não a visitavam desde os poucos momentos em que estiveram juntos. Sentimentos que tomaram seu corpo de uma maneira intrigante. Ela estremecera por instantes, inquieta.

Tão inquieta que se fez perceber, e fez o que talvez não deveria ter feito.

Nessas situações, quando se dá o primeiro passo é dificil retroceder, sentimentos primitivos, fortes e viscerais, muitas vezes quase incontroláveis..

Depois disso, retomaram o contato, primeiramente de forma virtual, (ahh essa modernidade), mas mesmo assim pareciam estar um na frente do outro, ou melhor, um dentro do outro.

Fogo, tesão, boca, língua, saliva, cheiro...o sexo pelo sexo, sem amor e nem amizade, essa experiência a estava deixado louca e excitada.

Ela sempre foi uma mulher cheia de fantasias eroticas, gostava de seduzir e de ser seduzida, isso para ela era quase um tônico para o seu corpo e sua alma..Sim !! teve muitos amantes e amores na vida, mas este homem, particularmente, a intrigava mais, não sei se pelo fato de que nunca o teve ou pela simples arte de seduzir, com um novo cenario e novos personagens, em uma nova situação nunca vivida antes...Afinal, ela havia  amadurecido, conhecia mais os homens, conhecia mais a vida, conhecia o amor com suas dores, cores e realidade...

Resolveu então dar mais um passo, precisava tê-lo, sentir sua pele, seu gosto seu cheito.. Estava derretendo

Não era uma pessoa convencional.

Gostava de lugares exóticos, diferentes, inusitados, detestava o óbvio e esse encontro exigia algo mais, pelo menos para ela, e isso no momento era só o que interessava, o "SEU " prazer.

Escolheu então um Hotel Antigo, no centro da cidade, haveria lugar melhor para a "cena do crime"?

Marcado o encontro.

Era uma quinta-feira de julho, fazia muito frio, mas seu corpo pegava fogo, resolveu tomar o caminho à pé, assim talvez sua ansiedade desaparecesse.

Ansiedade sim, estava com medo, medo da decepção, afinal eram tantas as expectativas e fantasias e medo do sublime, não sabia o que seria pior,  gostava de correr riscos.

Chegou ao Hotel uma hora antes do combinado, queria se preparar, preparar o ambiente, pediu a chave do quarto a recepcionista, sentiu um frio na barriga, vertigem

Quarto 51, uma cama antiga,  com lençois limpos mas gastos, uma poltrona vermelha no canto diretio perto da janela, uma comoda e um espelho que refletia imagens distorcidas, um cenário quase perfeito, faltavam apenas os personagens.

Entao tirou o casaco de lã que vestia, aliás havia se vestido especialmente para a ocasiao,  linda numa lingerie preta, com uma cinta liga e meias ⅞, resolveu colocar uma bota, afinal homens tem fetiches por botas e por cima colocou um vestido preto  e o casaco de lã que escondia toda a sua intenção.

Levou uma garrafa de vinho, velas e duas taças.

Caminhou até a janela, escurecia lá fora, o neon da fachada do Hotel refletia no vidro.

Abriu a garrafa de vinho e a dúvida se ele apareceria ou não começou a tomar conta de sua mente, sentiu-se desconfortável.

Será que valia a pena, será que aquele homem corresponderia à sua fantasia.

De súbito lhe bateu uma vontade de desparecer, de sumir, de nunca saber na verdade como seria o que ela tanto queria.

Estava louca, que desatino.

Virou num gole a taça de vinho.

Colocou o casaco de lã, saiu batendo a porta.

Enterrou naquele quarto de Hotel sua fantasia.

Se sentiu mais forte do que nunca. Não precisava disso, bastava o que guardava na sua imaginação, fantasias são para romances.

Sua vida era real, bem real.


Fabiana Leivas

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